Se prepare para ser olhado de cima a baixo, comer a comida mais apimentada do planeta, ficar quase sem internet mas, pagando barato no hotel. Este post de Tudo o que você precisa saber antes de viajar para a Índia vai te ajudar a aproveitar da melhor forma sua viagem a Índia evitando os piores perrengues.

Você é o diferente

Fotos com os “fãs” indianos rs

Dá mesma forma que uma mulher trajando um sari andando pelas ruas do Rio de Janeiro, fora da época de Carnaval, seria de parar o trânsito, nós ocidentais também chamamos muita atenção na Índia, de certa forma, a gente também é “bicho-grilo” pra eles. Além das nossas roupas diferentes, a cor da nossa pele também chama atenção para os indianos.

O que comer na Índia

Pão e Mushroom Matar: foi praticamente nosso almoço todos os dias que estivemos na Índia.

A culinária indiana é mundialmente famosa, mas ela pode ser o seu maior problema durante a viagem para as terras de Gandhi. Os indianos são vegetarianos e talvez você já tenha suspeitado disso porque já deve ter ouvido falar que lá a vaca é sagrada. Se deixar de comer carne por um tempo pode não ser um grande problema para você, saiba que há um outro problema: frutas e verduras. Sim, você vai ter que se abster delas também.

O que ocorre é que não é seguro comer alimentos crus em vários países da África e Ásia devido ao alto índice de casos de intoxicação alimentar em turistas. Isso acontece devido a contaminação da água e da comida. Por isso, a Organização Mundial de Saúde recomenda que os turistas consumam somente água engarrafada e alimentos que passam por algum processo de cozimento ou alimentos industrializados. Isso infelizmente vai fazer com que a sua alimentação fique um pouco restrita durante a sua estada na Índia.

Se hospedar em um hotel 5 estrelas ou jantar em um restaurante gourmet não vai garantir que você não sofra intoxicação alimentar. O ideal realmente é evitar certos tipos de comida e beber água mineral.

– Mas e o tempero?

Tem muita pimenta e curry em tudo que é salgado. Mesmo que você seja chegado no sabor picante, pode ter certeza que o paladar dos indianos é diferente. Por isso o melhor é ir com cautela e sempre pedir ao garçom “no spicy, please” (não apimentado).

Também é fácil encontrar comida chinesa nos restaurantes indianos. Na verdade a “comida chinesa” da Índia acaba tendo um sabor bastante diferente do que estamos acostumados porque o “toque” dos temperos indianos faz toda a diferença no sabor. Pra ser sincero, os pratos  “chineses” que provamos estavam uma delícia!

Caso você não queira se aventurar muito na culinária indiana, saiba que até mesmo o menu do McDonalds indiano é completamente diferente do ocidental: os molhos são todos adaptados ao paladar indiano, não há o famoso BigMac e até o McChicken é feito de hambúrguer de soja saborizado.

Mas, os lanches são bem baratos, o sanduíche mais popular na Índia – o McAloo Tikki™ – custa 29 rúpias (±R$1,50), por exemplo.

Cuidados com a saúde

Para entrar na Índia é obrigatório ter o Certificado Internacional de Vacinação constando que você tomou a vacina contra a febre amarela. Esta vacina você pode tomar gratuitamente em qualquer posto de saúde do Brasil.

Por causa do alto índice de intoxicação alimentar é aconselhável (mas, não obrigatório) tomar a vacina contra Cólera (também conhecida como Diarreia do Viajante). Diferente da vacina de febre amarela, a vacina contra Cólera só está disponível nos postos de saúde em algumas cidades brasileiras durante campanhas de vacinação quando há algum surto da doença. Por isso, para tomar esta vacina você deve procurar clinicas de vacinação particulares na sua cidade.

Sempre bom ter cuidados extras…

Leve álcool em gel o tempo todo com você. Pode parecer frescura mas, não é. Na maioria das vezes vai ser útil para esterilizar suas mãos na hora de comer mas, em outros casos mais atípicos pode servir para limpar machucados e te livrar de infecções.

Durante a nossa viagem a Amanda e o Rodrigo foram mordidos por macacos em um templo e eu machuquei minha perna no ferro do assento do camelo. Todos nós estávamos com álcool em gel e limpamos os ferimentos no exato momento e nada de grave aconteceu.

Leve lenços de papel e lenços umedecidos, além de ser mais higiênico porque você vai ter certeza que só você tocou neles, em alguns banheiros de restaurantes e atrações turísticas você tem que pagar o faxineiro do banheiro caso precise usar toalhas de papel ou mesmo o papel higiênico.

Não se esqueça: você provavelmente não tem os mesmos anticorpos que os indianos, por isso todo cuidado é pouco. Afinal, uma intoxicação alimentar pode acabar com a viagem de qualquer um!

Também é recomendado fazer um bom seguro de viagem. Pode ser que você não precise utilizá-lo, mas se precisar é melhor ter a o que recorrer e evitar despesas imprevistas.

Clima

Vista do templo de Akshardham. De longe, o clima seco até parece chuva.

A Índia tem um clima desértico: predominante seco e ultrapassando facilmente os 40°c! O verão indiano é o nosso inverno (junho a agosto) e é a pior época para se visitar a Índia porque, além do calor insuportável, também é época de chuvas. Tirar foto de guarda-chuvas definitivamente não é algo muito legal.

A melhor época para ir é o outono – setembro a novembro, onde o clima é mais agradável e o céu limpo!

Já no extremo norte da Índia, nos estados de Himachal Pradesh e Jammu e Caxemira, que ficam nos pés do Himalaia, o clima é bastante diferente porque vária muito conforme a altitude das cidades.

Hospedagem

Essa é a melhor parte!
As hospedagens na Índia são extremamente baratas! Se você não tem muito luxo e só procura um hotel simples para dormir depois de um dia inteiro de passeios, você vai se deparar com diárias a partir de R$30 com café da manhã incluso. Mas, se você quiser mais conforto, a Índia também é o lugar ideal! A diária de um quarto para três pessoas em um hotel 5 estrelas sai pela bagatela de R$410 (menos de R$140 para cada).

Um dos quartos do hotel 5 estrelas que ficamos em Nova Delhi. Fonte: The Metropolitan Hotel

Onde ficar em Nova Delhi

Nós indicamos o bairro Connaught Place, pois fica no coração de Nova Delhi e numa área onde há excelentes hotéis, casas de câmbio, lojas de souvernir, agências de turismo, o ponto inicial do bustour, além de ficar próxima a alguns pontos turísticos bem legais como o templo Gurudwara Bangla Sahib.

Templo Gurudwara Bangla Sahib. Fonte da imagem: Wikipedia.

Trocando o dinheiro

A moeda indiana é a Rúpia e é bastante inferior ao real. Com certeza não vai compensar tentar trocar seu real pela rúpia ainda no Brasil. Como é uma moeda que tem baixa procura nas casas de câmbio tupiniquins, sua cotação será bem menos favorável. A melhor opção é levar dólares americanos, apesar do dólar ser até bem aceito no comércio em geral, é muito fácil trocá-lo por rúpias, tanto em Nova Delhi como em Agra, Jaipur e Pushkar.

Rodrigo precisou trocar dólares por rúpias e conseguiu uma boa cotação em uma loja comum.

Transporte

Caso você esteja pensando em uma viagem do tipo mochilão, super econômica e de longa duração, o trem é o transporte ideal porquê é o mais barato e vai te aproximar do estilo de vida indiano porque também é o mais utilizado no país. O único problema é que devido ao baixo preço, as passagens de trem devem ser compradas com bastante antecedência e pela internet.

O problema é que para comprar pela internet é necessário que você faça um cadastro prévio com número de celular indiano para receber uma senha para fazer a compra. Você também pode comprar o seu bilhete diretamente nos guichês das estações de trem, mas você corre o risco de não conseguir disponibilidade na data desejada ou conseguir passagens em uma classe muito baixa, e isso significa que você pode ter que viajar horas espremido num vagão lotado, num calor de mais de 40ºC.

E as passagens aéreas?

As passagens aéreas também não são caras. Comparadas com os preços das passagens dentro do Brasil, elas são bem baratas. Neste caso o único problema é para quem não dispõe de muitos dias na Índia.

Nós geralmente não contabilizamos o tempo total de deslocamento quando voamos e as vezes ele faz toda a diferença. Por exemplo, dependendo do horário que você vai embarcar no aeroporto de Nova Delhi, você pode pegar congestionamento, isso quer dizer que você pode ficar até 3h preso no trânsito a caminho do aeroporto.

Agência de turismo: Vale a pena?

Caso você não tenha muito tempo a perder com transporte, o ideal é melhor fechar seu roteiro com uma agência de turismo em Nova Delhi mesmo, elas são fáceis de encontrar em Connaught Place. É só dizer os locais que você tem interesse em conhecer que você já vai sair da agência com um roteiro pronto, motorista particular e as reservas de hotel.

Para se ter ideia de valor, um roteiro de 9 dias pela Índia com motorista particular e reservas de hotel custa menos de 250 dólares.

Dentro da cidade com certeza o Tuk Tuk é a melhor opção! Ele é equivalente ao serviço de moto-taxi aqui do Brasil, mas com o diferencial de que cabem até 3 passageiros. As vantagens do Tuk tuk são a agilidade no meio do trânsito caótico e o preço – a média das corridas é de 100 à 150 rúpias, o que dá menos de R$10.

Nós, no balanço do Tuk Tuk.

Pontos turísticos

Tirando os milhares de templos religiosos espalhados pelo país, a maioria dos pontos turísticos da Índia são tumbas. Não que isso seja algo ruim, mesmo porque a grandiosidade da maioria das construções e a história por trás delas faz com que a visita geralmente valha a pena. O famoso Taj Mahal, que é o cartão postal do país e uma das 7 maravilhas do mundo moderno, por exemplo, parece um grande palácio mas na verdade é um baita mausoléu.

Lodhi Gardens é jardim, é praça, é local de crianças brincarem, fazer picnic e também é tumba.

Voltagem e tomada

A voltagem na Índia é 230V de 50H de frequência (não sei se informar a frequência é algo muito relevante na verdade, rs). A Índia possui três padrões de tomada oficiais, os tipos: C, D e M. Isso facilita muito a vida dos viajantes, porque para aceitar esses três plugs diferentes, a maioria das tomadas são do tipo universal. Não precisamos usar nenhum adaptador para carregar os celulares, computadores e câmeras quando estivemos por lá.

Visto

Visto eletrônico da Índia.

A má noticia é que Brasileiros precisam tirar o visto antes de viajar para a Índia, a boa é que tirar o visto de turista para a Índia é muito fácil e rápido! Você faz todo o procedimento através do site do Governo Indiano, e o valor do visto é de 60 dólares. A confirmação é recebida por e-mail. Nosso visto ficou pronto em menos de 72h!

Atenção!
O site da Embaixada Indiana no Brasil induz ao erro na hora de emitir o visto online. Tivemos uma certa dificuldade por que o link do site direcionava para o preenchimento do visto comum ao invés do eletrônico.

Apesar da embaixada informar que você deve carregar o papel do e-Visa pra cima e pra baixo onde você for na Índia, em nenhum momento, além da imigração na entrada do país, nos foi solicitado, nem mesmo para sair do país. Mas, em todo caso, melhor andar com esse documento.

Internet

No geral, a maioria dos hotéis e restaurantes oferecem wi-fi grátis, mas a conexão é bastante lenta. Mas, o quão lenta? Bom, para se ter ideia, medimos a velocidade da conexão de um hotel 4 estrelas em Pushkar e a velocidade da conexão era de 1mbps, isso equivale a menos de 10% da velocidade média da internet do celular do brasileiro.

Em Nova Delhi também não foi diferente, mesmo em um hotel 5 estrelas, a internet era muito mais lenta do que estamos acostumados por aqui. Sem contar que o hotel oferecia apenas uma senha por hóspede. Isso significa que você tem que escolher se vai querer usar a internet no seu celular ou computador. Se você é do tipo que vai precisar de internet, seja para mandar “mãe, tá tudo bem, to vivo” ou mesmo para trabalho, melhor não contar somente com o wi-fi gratuito.

A Índia ainda está migrando para o 4G e a velocidade do 3G indiano não é uma das melhores, mas ela é barata e pode acabar quebrando um galho. O maior pacote de dados da Vodafone India é o de 9 gigas que custa 497 rúpias (menos de R$25).

Segurança

O motorista que contratamos na Índia disse quando ainda estávamos em Nova Delhi para não deixarmos o celular muito a mostra, tipo, não colocá-lo para fora da janela do carro para fotografar porque alguém poderia passar de moto e roubar. Mas, no geral, a Índia nos pareceu ser um país bastante seguro,  há quem diga que seja por causa da religião – aproximadamente 80% da população é hinduísta.

Eu, particularmente, não aconselharia mulheres a viajarem sozinhas pela Índia, porque são comuns os relatos de assédio.

A Amanda por exemplo, vivia sendo rodeada por homens, que as vezes pediam parar tirar fotos com ela, e até mesmo chegaram a tirar fotos dela escondido! De qualquer forma, se você (mulher) for visitar a Índia sozinha ou num grupo de mulheres, para evitar que qualquer coisa dessa tipo aconteça o melhor é simplesmente se vestir de indiana que isso vai diminuir a curiosidade dos indianos.

Amanda experimentando um Sari para tentar diminuir o assedio dos indianos.

Eles vão tentar ficar com todo o seu dinheiro

Como já foi dito, o assalto na Índia não acontece a mão armada. Mas, o turista desavisado vai com certeza se deparar com alguns pequenos “golpes” como: você vai visitar um determinado templo e um funcionário vai se oferecer para te acompanhar na visitação, te explicando sobre a espiritualidade do hinduísmo e vai até te ensinar uns mantras.

E depois de te fazer rezar pelos seus familiares, lembrando de um por um, ele vai te deixar extremamente emocionado e em seguida vai pedir que você faça uma doação de… no mínimo 40 dólares para ajudar na alimentação das famílias necessitadas da Índia. Depois de te fazer lembrar da sua família, fica meio difícil dizer não.

Golpes em turistas

Outro “golpe” comum também em outros países também aplicado na Índia: você vai contratar o tour para visitar determinado ponto turístico e no caminho vai haver uma parada estratégica em alguma loja de fábrica de tecidos ou joias, por exemplo, como se fosse algo exclusivo.

Mas, a verdade é que esse tipo de loja vai na verdade tentar te vender produtos que custam até 5x a mais do que lojas convencionais. Isso ocorre principalmente nas cidades mais turísticas como Nova Delhi, Jaipur e Agra. Por isso, evite comprar nesse tipo de loja e não se intimide com a insistência dos vendedores indianos, mesmo porque a Índia possui fama na habilidade com o comércio há muitos séculos.

Aprenda a barganhar

Mas se mesmo assim houver algum produto que você realmente tenha interesse em comprar, existe a regra de ouro universal para suavizar o prejuízo nas compras de qualquer turista: barganhe o tempo todo!

Para iniciar uma negociação é simples: pergunte o preço de tudo que você tiver interesse, separe todos os produtos, some os valores, faça as contas para saber quanto custa em real e veja se vale a pena. Tenha sempre em mente que você deve pagar no máximo metade do valor total de tudo o que você separou, por isso, comece oferecendo um terço do valor. Não pense que isso vai ser ofensivo para o vendedor, mesmo porque ele com certeza já está acostumado com isso.

nunca demonstre interesse demais nos produtos! Qualquer coisa, se você não conseguiu chegar próximo ao valor que você pagaria, apenas agradeça e vire as costas. Os vendedores não aceitam um não como resposta. Pode ter certeza que isso vai fazer com que os preços comecem a cair…

Só não se esqueça: você tem o dinheiro, portanto, você dita as regras!

Se prepare para uma pedição de gorjeta nunca vista antes

Por tudo que já foi dito, você deve ter percebido que, para os indianos, os turistas são vistos como mina de dinheiro, isso vai fazer com que algumas vezes você tenha que dar gorjetas para o faxineiro do banheiro, os carregadores de malas (quando você chegar no hotel cada um vai levar uma mala sua para disputar sua gorjeta), o garçom, o guia do templo, o guia do palácio, o ciclista do rickshaw… tudo isso além do combinado e além do esperado.

Quando fechamos pacotes turísticos aqui dentro do Brasil, por exemplo, dificilmente temos que pagar algo extra mas, na Índia é diferente e pode ter certeza que eles não vão ter vergonha de pedir gorjetas ou tentar te empurrar serviços que não estavam previstos como guias extras ou passeios que você acaba só sabendo que vai ter que pagar no final, depois que eles já aconteceram.

Por isso, se prepare psicologicamente para dizer alguns “nãos”, dizer que não gostou de algo ou que realmente não ficou satisfeito, porque isso com certeza vai te ajudar a segurar algumas rúpias na carteira.

Sistema de castas

O regime de castas perdura na Índia há mais de 2.600 anos. Sua origem ocorreu com a religião Hindu, e embora abolida pelo governo em 1947 ainda é permanente, já que os hinduístas acreditam que a mudança de uma casta para outra é desrespeitoso.

As castas são divididas em quatro grandes grupos, sendo eles: Brahmin, Kshatriya, Vaishya, Shudra e ainda temos os famosos Dalits que são os intocáveis. 

Para saber mais sobre como funciona o sistema de castas na Índia, é só clicar nesse link aqui.

Homossexualidade é crime por lá

Na Índia é bem comum ver homens de mãos dadas passeando, mas não se engane, eles não são um casal. Os homens indianos demonstram a amizade conversando de mãos dadas, por exemplo.

Já com as mulheres, nenhum tipo de contato físico é permitido. Por isso, caso você esteja viajando a Índia com seu parceiro (a) e vocês são do mesmo sexo, o melhor é guardar as demonstrações de afeto para quando estiverem de volta ao Brasil, caso contrário vocês podem acabar respondendo a um crime cuja a pena varia de 14 anos à prisão perpétua.

Apesar dos pesares, a Índia é sem dúvidas um país singular, portanto, quando for visita-la, vá preparado para os possíveis contratempos citados acima e vá com a mente bem aberta, dessa forma você vai experimentar o melhor de uma cultura milenar que provavelmente é muito diferente da sua.

E aí? Quer saber como foi nossa viagem completa pela Índia? Não deixe de conferir nossos vídeos em nosso canal do YouTube! ?

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Ike Cathcart

Ike Cathcart

Radialista, publicitário, marketeiro e viajante.

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